terça-feira, dezembro 02, 2008

Aquecimento global do setor florestal

No artigo AS FLORESTAS DE EUCALIPTOS E O AQUECIMENTO GLOBAL, de 28/11/2008, Ido Welp - professor da Univates apresenta o papel das empresas florestais diante do aquecimento global, bem como, declina-se diante do aquecimento global do setor florestal.

Além de atenuar "o efeito estufa via formação de maciços florestais com espécies de rápido crescimento". O reflorestamentos de pinus e eucalipto ainda seriam associados à manutenção dos biomas Mata Atlântica, Cerrados, e Floresta Amazônica. Isto porque, "as florestas regulam o regime hídrico, contribuindo para a recarga de aqüíferos e cursos de água, reduzindo o assoreamento, a erosão do solo e as enchentes".
O diversos produtos florestais ainda "desempenham importante papel como fonte de renda e segurança alimentar, contribuindo para a sobrevivência e o modo de vida das populações tradicionais".

Ido Welp faz coro à Hernon J. Ferreira, gerente da Eucatex, para o qual a empresas florestais sempre procuram aprimorar as técnicas de manejo florestal. Essas técnicas seriam suficientemente adequadas à realidade sócio-ambiental brasileira?
Um setor que "até 2012, o Brasil deve ultrapassar a China na produção de celulose e ocupar o terceiro lugar no ranking mundial, superada pela Suécia e Finlândia", precisa fazer investimento em tecnologia florestal? ou em obtenção de respaldo social para seu crescimento?

Neste sentido, chama atenção a capacidade de investir em pesquisa, impossível a outros segmentos sociais, pois as empresas estão "com as portas abertas aos grupos de pesquisa e às universidade".

Isto para "que possam ter embasamentos técnicos e científicos para várias questões que se tornarem mitos na área florestal. Uma (...) visão distorcida e respeito da cultura de eucalipto de uma maneira geral (...)"
O investimento em pesquisa visa aprimorar o manejo florestal, ou simplesmente fazer frente às "críticas ao plantio do eucalipto no Brasil, vindas de pessoas preocupadas com a preservação ambiental, mas com pouco suporte técnico-científico sobre a evolução da silvicultura em nosso país"??

Como se o desenvolvimento tivesse algum pacto com fatos consumados, afirma que "as comunidades que vivem no entorno dos plantios florestais, que passam a conhecer e entender que não é impossível mudar o cenário a que estamos sujeitos atualmente, e que as florestas de eucalipto podem e devem ser grandes aliadas (...)"

Não seria melhor dizer que não há como resistir ao pinus e eucalipto?

Neste caso, o sucesso da silvicultura no Brasil à moda chinesa não deixa de ser uma escola para quem deseja ter sucesso também em sistemas agroflorestais. Negar a experiência brasileira de desenvolvimento florestal é um tremendo desperdício de oportunidade para desenvolver novas estratégias e ferramentas de extensão rural que tenha foco no uso sustentável de florestas, e por isto, pautada na justiça social.

Certamente, o momento é oportuno para refletir quanto os atores interessados na sustentação da Agricultura Familiar, dentre os diversos Povos da Floresta, tais como o Ministério do Desenvolvimento Agrário, se um dia seremos capazes de conhecer e entender outras formas de formação e uso de florestas.
Do contrário, estaremos sempre fadados a se submeter às políticas e empresas que investiram em pesquisa, ou seja, que fizeram o dever de casa, obtenção e análise de dados.

Segundo Ido, a ciência já provou que "árvores em crescimento seqüestram mais carbono do que plantas maduras... as 220 indústrias de papel e celulose existentes no Brasil emitem 21 milhões de toneladas de CO2 por ano, enquanto os 1,7 milhões de hectares plantados com eucaliptos absorvem 63 milhões de toneladas.

Quanto fixam Sistemas Agroflorestais desenvolvidos pela Agricultura Familiar, suas milhares de variantes? infinidade de espécies, arranjos espaciais e intervenções? Quem pagará a pesquisa?

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