É pertinente posicionamentos divergentes em relação aos acontecimentos envolvendo as empresas de papel e celulose, Aracruz e Votorantim e a Via Campesina e o MST, o mais instigante, é o posicionamento dos Engenheiros Florestais no Brasil. Ao mesmo tempo que tentam tratar das questões sociais, parecem deixar as econômicas, e reais fonte de poder, à margem. Bem como, parecem alheios ao processo de construção da imagem institucional das empresas que julgam defender.
A Engenharia Florestal é uma classe profissional chave na sustentação destas empresas, mesmo que o Citigroup em relatório sobre a Aracruz, mostre-se "consideravelmente pessimista com o setor, sublinhando que praticamente 100% das receitas da companhia são provenientes da matéria-prima" (Fonte : Infomoney. por Celulose Online). O maior problema da Aracruz, é tratar da matéria prima? Ou seja, continuamos um país exportador de matéria prima, e nós florestais, estamos na ponta fraca do negócio? Ou temos uma oportunidade pela frente?
A dificuldade também assombra governos. Em um incidente passado ocorrido no Rio Grande do Sul, Walter Nunes, diretor de operações da Aracruz, havia “uma dificuldade em alguns setores do governo federal de lidar com a questão de que as pessoas eram ligadas a alguns movimentos no passado e agora estão no governo, elas não estão sabendo separar as duas coisas” (Fonte: DCI).
Talvez por isto, em carta ao Presidente Lula, a ABRAF, Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas, tente arrancar um posicionamento do Governo. Para quem depende do Jornal Nacional, Lulá terá de explicar, às empresas, porque investe em programas sociais e na reforma agrária promovida por estes movimentos sociais, enquanto é preciso de recursos para salvar as empresas da crise?
Desta forma, é difícil entender o que sustenta questionamentos sobre as razões lógicas para um ataque de mulheres à estas empresas. E principalmente, de onde surge tanto estranhamento da classe de profissionais que se dedica ao desenvolvimento florestal, em relação à percepção que os outros tem de seu trabalho. Frente ao salário e volume de contratações de Engenheiros Florestais frente a outros profissionais, esta é uma questão pertinente. Pois temos culpa em fazer com que nossa classe seja desfavorecida em concursos públicos às contratações nos bancos universitários?
De acordo com a Via Campesina, o protesto alusivo ao "Dia Internacional de Luta das Mulheres", reúniu militantes do Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, 1,3 mil pessoas participaram da manifestação no Portocel. O porto é de propriedade conjunta da Aracruz (51%) e da Cenibra (49%), duas das maiores empresas produtoras de celulose no Brasil (Fonte: Gazeta Online por Celulose Online).
Primeiro, as notícias nos remetem ao prejuízos causados pela "ocupação de terras da Votorantim Celulose e Papel (VCP) pelo movimento da Via Campesina teve como saldo o corte de 1,6 mil árvores de eucaliptos" (CeluloseOnline -Agência Estado/Estadão Online), nada maior que o ataque surpresa de formigas cortadeiras por uma hora entre 1 milhão de hectares cultivados. Pior ainda, o prejuízo do protesto de cerca de meia hora foi maior, pois "Cerca de 50 caminhões preparados para embarcar o produto ficaram parados" (Fonte : Gazeta Online por Celulose Online), nada maior que um problema na tramela do portão de uma fábrica com capacidade nominal de mais de 2.000.000t/ano (Fonte: Aracruz). Então, as invasões do MST e os arranhos da Via Campesina são um problema para a produção florestal da empresa? Não.
A finaceirização da Floresta?
Em setembro passado, a Aracruz recebeu o prêmio Destaques do Setor, promovido pela Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP), na categoria "Fabricante de Celulose de Mercado" (Fonte: InvestNews por Celulose Online). No mesmo mês, atendendo pedidos e rezas brabas de todo setor exportado, o dólar se valorizou em mais de 11% ante o real.
Contrariamente, a Aracruz anunciava prejuízo em derivativos. Mas é "fortemente influenciada" pela valorização das cotações do dólar. Pouco mais de uma hora da abertura do mercado foi suficiente para as ações preferenciais série B da Aracruz despencarem 13,79%, a R$ 7,25. A empresa apostava na queda do dólar, enquanto os setor florestal clamava o aumento do dólar para viabilizar as exportações. Pode? Pode, ganha-se mais na especulação financeira do que na produção industrial. Tornado a produção florestal secundária?
Ou seja, se estamos preocupados com os empregos gerados no campo, através da atividade florestal, deveríamos perguntar, qual a inserção e ação econômica estas empresas pretendem.
Então, frente a esta arena, mais perto de Nasdaq do que do eucaliptal, o posicionamento dos Florestais, em favor ou contra o MST, faria diferença?
A Imagem da emperesa e o Valor das ações no mercado
O trabalho de muitos profissionais da área florestal ajudou a fazer com que 8 empresas brasileiras fizessem parte do índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI) 2008. São elas Aracruz, Bradesco, Itaú Holding Financeira, Cemig, Itaúsa Investimentos, Petrobras, Usiminas e Votorantim Celulose e Papel (VCP). “A companhia de gerenciamento de ativos Sam, que é especializada em investimento sustentável e tem sede em Zurique, é responsável pela metodologia do DJSI. O índice é considerado um importante parâmetro para análise dos investidores mundiais sócio e ambientalmente responsáveis e existe desde 1999. Esta é, portanto, sua décima versão.
"Os resultados da revisão anual da família DJSI são observados atentamente pelos participantes de mercado em todo o mundo. Atualmente, gestores de ativos de 16 países têm acesso aos índices para gerenciar uma variedade de portfólios pautados pela sustentabilidade, incluindo fundos mútuos, contas segregadas e produtos estruturados. Os ativos totais sob gerenciamento em veículos de investimento baseados no DJSI estão hoje próximos de US$ 6 bilhões", afirmou a Sam, em comunicado” (Fonte: Agência Estado. Adaptado por Celulose Online).
Alguma lição à vista?
Então, o posicionamento dos florestais brasileiros, faz toda a diferença. E talvez seja por isto, que a mídia aberta, trate dos prejuízo causado por 400 mulheres, mas não daquele causado por um punhado de financistas. Qual a lição para os florestais. Defender as empresas do MST é fundamental para manter as coisas do jeito que os financistas gostam. É assim que teremos nosso lugar ao sol?