Falar de reforma agrária com desdém é negar a ciência mundial dos fatores que levaram ao desenvolvimento de países ricos como Estados Unidos e Japão. Comentários maldosos revelam sobretudo políticos e formadores de opinião que não tem cuidados autênticos com a população historicamente marginalizada, maltrapilha e faminta que extravasa na região. O fato é que a terra parada não produz riquezas, não gera desenvolvimento, e a reforma agrária é necessária, é viável, e só precisa do MST porque é negligenciada.
O que não se muda ao lutar contra a reforma agrária é o fato de estarmos na região do Estado de maior carência, capital social inerte e perspectivas humanas extremamente desiguais entre seus habitantes. Lages possui apenas 2% de seus habitantes no meio rural e embora seja o maior município e possua a sétima maior cidade, tem um vergonhoso índice de desenvolvimento humano. É um município que não produz nem o alimento que consome, mas poderia ser diferente. Os melhores índices de produtividade estão nas pequenas propriedades mas são baixíssimos nas extensas propriedades, que deixam de cumprir sua função social de produzir riquezas, empregos e alimentos, aguçando a violenta urbanização e intensifica os conflitos rurais. A região é rica, mas desigual e falsos argumentos pecam contra o senso técnico-científico agropecuário, econômico e sociológico, fazendo crer que comunicam-se com uma população ignóbil.
Tenta-se criar uma imagem que não representa mais a população: de ser contra os pobres terem dinheiro libertador ou acesso ao trabalho com autonomia e organização. No meio rural o espírito cooperativo é fundamental mas precisa ser semeado na região pelo MST pela simples carência de políticas públicas efetivas na distribuição da riqueza na região. A completa ausência de tentativas prévias neste sentido desprestigia ainda mais as forças políticas que agora foram mobilizadas para barrar as ações do Incra na Região, pois são contra a injeção de capital na região para ativar a economia com a estruturação material da liberdade social.
Este desvaneio político não faz bem a qualquer partido e prejudica fundamentalmente o povo, com bravatas de seus representantes, que criam uma imagem retrógrada e truculenta que não merece mais espaço. Fere as tentativas de modernização de partidos que buscam a renovação, fazendo naufragar junto com eles a oportunidade de termos lideranças serranas ligadas à modernidade e de qualquer sentimento de nobreza que vise buscar igualdade e dignidade.